Numa Praia Distante

Numa praia distante
Longe do teu olhar
O tempo é o instante
Existir é o lugar

Lá o claro é escuro
O bem também é mal
O saber é o mais puro
O começo é o final

Loucura ordenada
Vida sem razão
Te encontro ancorada
Nas praias do coração

Um infinito estrelado
Olho negro e brilhante
Olho humano assustado
Cacos de diamante

O Inferno é Logo Ali

Rato comendo resto
caneta falhando
gato sujo da noite
prédio desabando

Gravata de nó cego
dentes rangendo
mendigo morto de fome
velho esquecendo

Barco a deriva
auto-destruição
vidro estilhaçado
medo no coração

Lembrança que machuca
sangue saindo
dia que não nasce
canivetes caindo

E as aves tem dentes e mordem
o inferno é logo ali
tantos e tantos desejam a morte
mas ela não os sorri

Gosto que dá desgosto
sorriso pejorativo
punho fechado na cara
pastor expressivo

Fogo que tudo consome
dança de lunático
estrada que dá em nada
mulçumano fanático

Céu que não abre a porta
escada sem degrau
discurso que não acaba
comida sem sal

Desejo de ir embora
falta de esperança
assassino de sangue frio
choro de criança